Outro dia meu marido já estava dando esta orquídea como morta, vê se pode? Ela passa 11 meses e meio só com galhos secos e sem graça e quando menos esperamos, lá estão elas, lindas e formosas! Elas ficam na janela da frente do apartamento e por alguns poucos dias, vigiam minha saída ao trabalho pela manhã...
Mudando de assunto, ontem houve um terremoto forte pela manhã. O epicentro foi numa província à oeste causando muitos prejuízos materiais, desabrigados, feridos e a morte de uma senhora. O assunto é sério mas não posso deixar de comentar sobre isso.
Comprei dois ingressos de cinema ano passado com desconto e estava para vencer no final desse mês. Estava com intenção de ver " O diabo veste Prada", mas acabamos não indo. Depois resolvi ver "Cartas de Iwojima" e também não fomos. Tendo apenas mais este final de semana que se passou, decidimos ir ver "Night at the museum". Escolhemos a primeira sessão às 8:45h!!! Levantamos cedinho, 6 horas, tomamos um café ligeiro e fomos para a "cidade" imaginando que poucos teriam a mesma coragem de acordar cedinho em pleno domingo. Para completar estava caindo um temporal deste a tarde de sábado. Mais um motivo para estar vazio, pensamos... Quem disse??? As ruas que pensamos estarem tranquilas já apresentavam lentidão conforme íamos nos aproximando do centro de Hamamatsu e ao chegar no cinema, uma pequena fila já se formava na entrada. Isso eram umas 7:50h. Entramos na fila e conforme os minutos passavam, mais e mais pessoas se juntavam ao cordão que já ia dando voltas escada abaixo! Às 8, o portão se abriu e nos dirigimos para dentro do edifício. Lá, mais uma fila para esperar a abertura das bilheterias. O cheiro de pipoca amanteigada e caramelada já inundava o ambiente de forma nauseante. Pipoca às 8 da manhã???
Por mais que cinema e pipoca andem de mãos dadas, pela manhã não me desce de jeito nenhum! Pois acho que fui a única a pensar isso, já que quase todos na sala estavam com um baldão de pipoca com refrigerante!
O filme começou e lá pelas tantas, justo quando os bichos começam a se mexer no museu é que aconteceu o terremoto. Nesta região foi de 3 graus, coisa que dá uma boa balançada nos prédios. Justo na hora que o tiranossauro começa a correr atrás do segurança do museu, com aqueles passos de afundar chão, aqueles gritos de sentir até o bafo, sentimos nossas cadeiras se mexendo de um lado para outro. Nooooooossa, pensei, isso que é efeito especial, pensei!!!! rssss
Com a demora do "efeito" passar, caiu a ficha que estava tendo um terremoto. É algo bem desagradável, desta vez foi de lado, o chão se mexia da direita para esquerda, da esquerda para direita e durou alguns longos segundos.
Felizmente ainda não pegamos nenhum terremoto forte de verdade, mas nesta região onde estamos está previsto um grande terremoto. Não se sabe quando mas ele está atrasado 20 anos. Rezo para que se atrase mais 200 anos!
Todos os anos fazemos treinamento na fábrica, somos instruídos a guardar comida, água e roupas para alguns dias em caso de ter que ir a um abrigo. Quando acontece algo assim, lembro que tenho que deixar minha mochila preparada mas logo a rotina volta, a comida vence e esquecemos o kit sobrevivência.
É uma realidade que sabemos que pode acontecer aqui, já que o Japão está assentado sobre várias placas tectônicas, mas procuramos não pensar muito. Pensar demais pode nos deixar loucos. As pessoas do Brasil pergutam se não temos medo de morar aqui. Sim, claro que temos, mas como diz o ditado, para morrer basta estar vivo...
E toda esta estória o que tem a ver com as orquídeas? Na verdade nem eu sabia exatamente como terminar esta narrativa do cinema, pois via apenas o lado cômico da coincidência da cena do filme com o terremoto. E agora chegando aqui, lembrando da efemeridade das flores da orquídea que comentei logo no início, fiquei a pensar em como somos frágeis e como a natureza volta e meia nos prova isso.
Por isso, viver sempre da melhor forma possível, sem fazer mal a ninguém, não praguejar por pouca coisa, parar de reclamar de tudo e de nada, dar mimos e se mimar, poder comer de tudo um pouco se a saúde permitir e principalmente encontrar a felicidade nas pequenas coisas da vida, como admirar estas flores todas as manhãs!
* desculpas a Karen, a Brisa e a Cris por alongar o post depois de vocês já terem comentado!