Caramelo é uma dessas coisas de cozinha envolvidas em mistérios, truques e cada um dá o seu pitaco. Eu aprendi que não se deve, em hipótese nenhuma, meter a colher no caramelo com a terrível consequência de cristalizar e não conseguir uma gota de calda. E sempre fiz assim, até hoje.
Acordei com a firme decisão de usar um pacote de kabocha já descascado e picado *made in feira do produtor* num pudim para dar fim numa caixa de leite condensado e em 4 gemas que me olhavam acusadoramente a cada vez que abria a geladeira.
Estava lá eu queimando o açúcar quando tive a infeliz idéia de jogar um pouco de água quente para ver se desencaroçava mais rápido. Rá, encaroçou de vez! A calda secando e as pedrinhas de caramelo ainda lá. Não estava nem um pouco a fim de fazer outro caramelo. A idéia de lavar duas panelas carameladas também não me entusiasmava nada. Quer saber, vou mexer com colher e seja o que Deus quiser!, pensei.
Mexi, mexi e mexi com muito gosto! As pedrinhas foram se dissolvendo até ficarem pequeninas. Foi assim mesmo para o fundo da forma. Hoje vai ser o dia, ou tudo ou nada!!!
Para completar o meu dia do contra, assei o pudim junto com frango para o almoço! É, pessoal, acordei com a macaca mesmo! rss
O frango assou em 1 hora e nada do pudim endurecer. Tirei o frango e deixei mais uma longa hora. Teste de palito. Levemente consistente mas ainda cru!!! Ok, nada de pânico. Mais 30 minutos vão dar jeito nesse teimoso!!!
E ufa, finalmente o palito saiu limpo! Acho que este pudim pode entrar para o Guinness como o pudim com tempo de forno mais longo!!! Mas, não se assustem, tenho quase certeza de que minha doideira de assar junto com frango deve ter interferido neste tempo. Além disso, o resultado foi tão bom que acho que vale a pena um repeteco!
O pudim ficou com uma cor linda e textura sedosa, de desmanchar na boca. Os ingredientes estavam todos lá marcando presença mas tudo de maneira suave. Ahhh, e a calda? Não ficou nenhuma crosta no fundo da forma, tudo se liquidificou numa linda e perfeita calda e não havia nenhum sinal dos pedregulhos de açúcar. E se você está se perguntando se o pudim ficou com gosto de frango ou vice-versa, não, nadica felizmente! =)
300g de abóbora kabotcha já descascado e sem sementes
1 lata de leite condensado (usei um pouco a menos, cerca de 300g)
1 vidro de leite de coco (usei light)
1 lata de leite de vaca e mais 50ml só para lavar o vidro de leite de coco
2 ovos jumbo
4 gemas de ovos jumbo peneiradas
sementes de 1 fava de baunilha (abra a fava ao meio no sentido do comprimento e raspe o interior com a ponta de uma faca. As cascas podem ser aproveitadas para aromatizar açúcar. Coloque as cascas num pote de vidro e complete com açúcar cristal. Vá chacoalhando todos os dias e depois de 1 semana estará pronto para usar para aromatizar bolos, biscoitos, cafés....)
Cozinhe a abóbora no vapor até ficar macia. Passe por espremedor ainda quente e deixe esfriar.
Pré-aqueça o forno a 200oC.
Caramelize uma forma (usei redonda de 20cm) e reserve. Prepare outra forma maior para o banho-maria. Forre com um papel toalha ou guardanapo limpo e uma fatia de limão para não escurecer a forma.
Bata no liquidificador a abóbora amassada, o leite condensado, o leite de coco, o leite de vaca, os ovos e gemas e as sementes de baunilha. Despeje na forma e cubra com papel alumínio. Feche bem para vedar e evitar que entre vapor d' água no pudim. Coloque esta forma dentro da outra assadeira para banho-maria. Despeje água quente e leve ao forno. Deixe assar até que espetando um palito, este saia limpo. Deixe esfriar e leve a geladeira.